1.1 EDUCAÇÃO INFANTIL
Ao chegar ao
CMEI Santa Rita de Cassia, como as crianças já sabiam que seria um dia
diferente, estavam um tanto eufóricas e assustadas. Como costume da rotina
daquele espaço, as crianças chegaram aos poucos, pois tinham das 07h30min às
08h30min da manhã para estarem lá. Quando chegavam, a professora titular já
explicava para as crianças na porta da sala que naquele dia estariam com
visitas, com uma professora estagiária. A professora conduziu as crianças de
forma elogiável e as crianças me agraciaram com muita receptividade.
Realizei uma
breve apresentação a meu respeito, contando a eles que também trabalhava com
alunos em uma outra escola e gostava muito do que fazia. Contei-lhes que
naquela manhã trabalharíamos com a disciplina de artes e perguntei-lhes se
saberiam me dizer o que era então um aluno respondeu: “é fazer desenho e
pintar” e os demais concordaram, fiquei feliz ao observar que mesmo tão
pequenos conseguiam relacionar o conhecimento.
Falei a eles
que estudaríamos sobre um artista que fazia parte da historia da arte e gostava
muito da cor e que observassem nas obras dos quebra cabeças se possuíam o mesmo
desenho, as mesmas cores, se eram feitas todas com tinta ou se havia outro
material.
“Os fauvistas faziam das cores o elemento
principal dos seus quadros e eram unânimes
na sua rejeição das nuances da paleta impressionista e na procura pela
força expressiva das cores puras, onde a reprodução realista da natureza não
fazia parte das suas preocupações”. (ESSERS, p. 14)
Foi relacionado ao gosto do artista com à
importância de observarem as cores da sua própria obra bem como a do colega ao
lado, para que visualizassem se haviam cores iguais ou semelhantes. Foi
explicado que havia inclusive obras recortadas na linha horizontal e na linha
vertical, quais cores, se estavam misturadas ou não e onde ambas seguiam uma
cor para que fossem montadas corretamente.
Onde cada duas crianças
forma convidadas a levantar do lugar onde estavam e ir até onde haviam montado
o quebra cabeça e cada um na sua vez falava as cores e o desenho contido, a
professora estagiária ia intermediando com perguntas sobre o que acreditavam
conter nas obras e quais cores estavam observando, se haviam somente em um ou
nos dois que estavam sendo vistos, assim finalizando as seis duplas, sendo as
cores naquele momento muito importantes, pois um pedaço do desenho contendo uma
cor terminava em outro e que deveriam procurar as cores para encaixe. Também
sendo citado inclusive que as linhas poderiam estarem deitadas (horizontal) ou
em pé (vertical) e conforme fossem encaixando as peças deveriam observar se
haviam desenhos contidos ou não.
Também foi
explicado que a história do desenho e da pintura vem de muito tempo e acontece
com todos nós de forma natural que começamos desenhando bolinhas e depois de
algum tempo já conseguimos realizar desenhos com significados que pintamos
primeiramente fora de um espaço e aos poucos delimitamos.
Mostrei a eles os pacotes que continham
as obras do artista que seria estudado e os desafiei a montarem o quebra cabeça
e observarem o que havia nele dizendo: “Quem vai conseguir montar sozinho e me
chamar para contar o que viu no desenho primeiro?”, as mãos dos alunos após
minha pergunta ficaram todas para cima saltitantes, e alguns responderam: “Vai
ser eu, já “tô” vendo que cor tem aqui”. Considera-se:
“Diante
disso, cabe ao professor ser compreensivo e afetuoso, encorajando sempre as
crianças a expressarem suas ideias, encorajando a individualidade e a
originalidade. Deixe a criança experimentar e cometer erros procure manter uma
convivência afetiva com ela, mantendo um ambiente informal e agradável durante
as atividades artísticas. Essas atividades deverão sempre ser recreativas e
prazerosas para a criança. Procure olhar sempre para o simbolismo mental e
emocional da expressão plástica, elogiando sempre o esforço da criança no
desenvolvimento da atividade”. (FERREIRA, 2007, p.37)
O quebra cabeça sendo um jogo que envolve
leitura e imagem, vinculado à imaginação, ao símbolo e ao pensamento,
constituem paralelamente recreação e educação sob o olhar e sendo a ludicidade uma
necessidade do ser humano facilitou assim a expressão e a construção de
conceitos baseados nessa abordagem serviu de intermediário sobre o conteúdo
visando o autoconceito visual dos envolvidos.
Todos receberam uma obra e iam pouco a
pouco encaixando as peças. Ao finalizarem a montagem, automaticamente
conversavam com o colega ao lado e de maneira informal faziam a leitura de
imagem: “Olha, o meu tem um vaso vermelho”, outro dizia: “o meu só tem risco”,
olhavam mais um pouco e falavam alto: “profe tem um coraçãozinho aqui no meio
do homem”, “tem palavra”, “tem um barco aqui”... Demonstraram naquele momento
informal que estava sendo compreendido e que estavam agregando fala/leitura
visual.
Conforme
iriam montando já realizavam mesmo sem saber a leitura da imagem, ou seja, a
leitura visual. Observavam desde o desenho da obra quanto às cores que possuía
inclusive as linhas que foram utilizadas para recorte da folha do jogo. Quando
terminavam por completo, automaticamente contavam com entusiasmo para o colega
“olha, o meu só tem uma cor”, um dizia, “o meu tem um vermelhão bem forte”
outro falava e em seguida faziam a troca entre eles das obras. Para isso:
“Ora,
uma imagem, como representação, procede de alguém e se dirige para alguém,
apresenta ou representa visões da realidade, sempre em consonância com uma
intenção e sua compreensão implica num diálogo, mediado pela obra, entre o
autor e o apreciador. Nessa perspectiva, ela é carregada de conteúdos e
interesses, explicita verdades ou mentiras, mostra coisas bonitas, feias,
significativas ou triviais. E, assim como a visão, não surgiu do nada, é
produzida num contexto de relação entre quem a produz, sua finalidade
humano-social e para quem se destina. Seus sentidos pressupõem a interação
entre os homens, nascem da práxis e, como montagens, esses objetos podem ser
interpretados”. (SCHLICHTA, 2009, p. 14)
Quando retornaram do café, foram
convidados a pegarem suas cadeiras e sentarem em meio círculo, pois eu iria os
apresentar a alguém. Num primeiro momento as crianças perguntaram se era
visita, então respondi que era somente em foto e abri então o cartaz feito com
folhas sulfite onde tinha a imagem em foto do artista Henri Matisse. As
crianças olharam e disseram: “ele tem barba branca”, “usa óculos”, “é careca
pra cima”.
Falei um pouco sobre a vida dele e que
ele gostava muito da arte por isso iríamos estuda-lo.
Fui mostrando
círculos contendo as cores primárias para que reconhecessem visualmente e em
seguida solicitei que no coletivo ditassem-me as letras para formar o nome do
artista como forma de fixação. Quanto a isso, Ferraz e Fusari (1999, p.62) completam:
“...
lembramos que todo trabalho com o desenvolvimento da observação, percepção e
imaginação infantil não pode ser desvinculado de atividades com caráter lúdico,
de jogos, por serem fundamentais no seu processo de amadurecimento.”
Os alunos iam
respondendo conforme o que era solicitado, letras individuais do nome do
artista, pois já as conheciam devido ao trabalho realizado diariamente em sala,
ditavam cores que estavam nos círculos e o nome da forma geométrica que estavam
visualizando.
“Os
desenhos, as pinturas e as realizações expressivas das crianças não apenas
representam seus conceitos, percepções e sentimentos em relação ao meio, como
também possibilitam ao adulto sensível e consciente uma melhor compreensão da
criança.” Nicolau (1995, p.14)
Depois disso os
encaminhei novamente as suas mesas e pedi que observassem agora todos os quebra
cabeças montados no momento anterior, perguntei se conseguiam observar o que
tinha em cada uma e se já tinham visto em algum lugar com aquelas cores.
Interagiram assim sobre as obras e os questionamentos respondendo o que
acreditavam estar vendo: “ um “homem”, “luzinhas”, “um vaso”, “uma perna”, “um
risco’, “uma floresta”, “uma flor”, “um monte de colorido”, “uma nuvem”.
Seguido dessa experiência, pedi que
escolhessem ficar em grupo de quatro componentes, entreguei papel kraft, uma
bandeja contendo uma cor primária e um rolinho de espuma para cada criança,
para que como Matisse, cada um pudesse usar a cor para que livremente
realizassem sua obra expressando algum tipo de sentimento através dela. Então
expliquei que as cores primárias são as cores puras e que por mais que
misturassem as cores não conseguiriam fazer as que estavam nas bandejas, porém
se as misturassem entre si, conseguiriam uma nova cor já conhecida. Através da
revista Nova Cultural, podemos afirmar:
“Na
pintura, os objetivos de Matisse foram atingidos quase integralmente por meio
do uso da cor. Ainda no inicio da carreira, descobrir que a cor não necessitava
ser apenas descritiva, mas tem um valor expressivo em si, podendo evocar
sentimentos ou estados da alma especiais”. (1986, p. 57)
Relembramos oralmente as cores primárias
visualizadas nos círculos destacando que as cores não poderiam ser misturadas
durante a atividade, que deveriam utilizar o rolinho para pintar utilizando-se
de formas e que para utilizarem outras cores o fariam em forma de rodízio.
“Para além das áreas de cores contrastantes, Matisse recorria constantemente a
dois elementos: as linhas rítmicas e o ornamento”. (Esers, p.14)
É importante incutir a
arte sendo utilizada como elemento visual fundamental pra uma produção
artística, pois provoca ideias e sensações, transmite ações, peso, movimento,
mensagens e harmonia. Algo fundamental desde que nascemos, pois temos o dom de
reconhecer cores e a arte tem dom de desenvolver essa percepção.
A
integração do momento da atividade, a troca de saberes e a participação dos
alunos fazem-nos perceber que desde criança já vivenciamos a arte sem mesmo
compreende-la teoricamente. A respeito disso, SANS (1995 p.48) enfatiza: “A criança que está
fantasiando em suas estórias, brincadeiras, desenhos e, de modo geral, misturando
sonho e realidade, está fazendo uso mais intenso da inteligência e está se
aproximando cada vez mais de conquistar uma visão de mundo”.
Foi prazeroso observar a atividade
acontecer e diante dela perceber como limitamos a capacidade do ser humano. Ao
entregar o material que não é utilizado com frequência por eles e até mesmo os
rolinhos de espuma, percebi quão grande foi o cuidado e satisfação das crianças
ao serem direcionados naquele momento.
Nesta fase o desenho evolui, possui a
riqueza dos detalhes e emprega as cores puramente emocionais, o faz sem saber,
sem relacionar sua produção com a realidade. (FERREIRA, 2007, p. 36)
Como atividade
extra, realizamos mais uma atividade, onde relembramos novamente a vida do
artista agora na segunda fase da sua vida, a de recorte e colagem. Foi
distribuído os materiais necessários como papéis nas cores primárias, cola,
tesoura e folha sulfite e solicitado que fizessem como o artista fazia,
trabalhando com a tesoura. Ao final dos trabalhos realizados o observamos no
coletivo e fizemos algumas considerações oralmente.
Onde foram questionados
sobre as escolha e as formas que utilizaram, os mesmos responderam que eram as
formas que a professora regente tinha ensinado. Concluiu-se assim que os alunos
agregaram seus conhecimentos sobre a obra realizada.
A atividade não consta no plano de ensino devido à
flexibilidade do mesmo, a atividade do papel cartão com as cores primárias foi
aplicada devido à sobra de tempo entre uma atividade e outra. A proposta foi a
de que os alunos ao observarem os quebram cabeças escolhessem o que mais se
identificassem ou gostassem e produzissem imitando a técnica do guache
recortado do artista Henri Matisse, sua própria obra. Porém, foi observado que
os alunos compreenderam a proposta, mas utilizaram-se de figuras geométricas e
quando questionados responderam que a “profe” tinha ensinado eles as formas.
Pudemos perceber assim que o conhecimento adquirido nas aulas diárias foram
utilizados nesse momento.
Com essa
experiência desafiadora dessa nova proposta de trabalhar arte, pude perceber
que planejamentos bem elaborados e com objetivos claros e direcionados levam –
nos ao sucesso, pois os alunos compreendem a proposta, interagem sobre o
assunto e se apropriam do que lhes foi apresentado. Nicolau (1995, p.14) afirma:
“Os desenhos, as pinturas e as realizações expressivas das
crianças não apenas representam seus conceitos, percepções e sentimentos em
relação ao meio, como também possibilitam ao adulto sensível e consciente uma
melhor compreensão da criança”.
Ao término da
atividade foram colocados no corredor do CMEI e realizado uma conversa com os
alunos sobre a sua obra e a relação com os trabalhos do artista. Cada criança
explicou o que desenhou e respondeu quando instigado sobre o que havia sido
feito.
Os alunos ficaram felizes ao ver seus trabalhos expostos nos
corredores do CMEI onde funcionários e colegas de outras salas passavam e
observavam, pois tiveram a oportunidade de além de mostrar aos colegas do que
são capazes, conseguiram fazer interferências ao relatar como e porque haviam
feito aquele trabalho.
Vygotsky considera,
diante disso, que “O processo de formação de pensamento é despertado e
acentuado pela vida social e pela constante comunicação que se estabelece entre
as crianças e adultos, a qual permite a assimilação da experiência de muitas
gerações”. (Apud DAVIS; OLIVEIRA, 1990).
Essa experiência foi certamente desafiadora, pois apresentar
uma nova proposta de arte não é tarefa fácil. Mas sem dúvida foi diferente,
inovadora e gratificante.
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