terça-feira, 1 de julho de 2014

Planejamento Educação Infantil - Matisse



1.1         EDUCAÇÃO INFANTIL



Ao chegar ao CMEI Santa Rita de Cassia, como as crianças já sabiam que seria um dia diferente, estavam um tanto eufóricas e assustadas. Como costume da rotina daquele espaço, as crianças chegaram aos poucos, pois tinham das 07h30min às 08h30min da manhã para estarem lá. Quando chegavam, a professora titular já explicava para as crianças na porta da sala que naquele dia estariam com visitas, com uma professora estagiária. A professora conduziu as crianças de forma elogiável e as crianças me agraciaram com muita receptividade.
Realizei uma breve apresentação a meu respeito, contando a eles que também trabalhava com alunos em uma outra escola e gostava muito do que fazia. Contei-lhes que naquela manhã trabalharíamos com a disciplina de artes e perguntei-lhes se saberiam me dizer o que era então um aluno respondeu: “é fazer desenho e pintar” e os demais concordaram, fiquei feliz ao observar que mesmo tão pequenos conseguiam relacionar o conhecimento.
Falei a eles que estudaríamos sobre um artista que fazia parte da historia da arte e gostava muito da cor e que observassem nas obras dos quebra cabeças se possuíam o mesmo desenho, as mesmas cores, se eram feitas todas com tinta ou se havia outro material.

Os fauvistas faziam das cores o elemento principal dos seus quadros e eram unânimes  na sua rejeição das nuances da paleta impressionista e na procura pela força expressiva das cores puras, onde a reprodução realista da natureza não fazia parte das suas preocupações”. (ESSERS, p. 14)

 Foi relacionado ao gosto do artista com à importância de observarem as cores da sua própria obra bem como a do colega ao lado, para que visualizassem se haviam cores iguais ou semelhantes. Foi explicado que havia inclusive obras recortadas na linha horizontal e na linha vertical, quais cores, se estavam misturadas ou não e onde ambas seguiam uma cor para que fossem montadas corretamente.
Onde cada duas crianças forma convidadas a levantar do lugar onde estavam e ir até onde haviam montado o quebra cabeça e cada um na sua vez falava as cores e o desenho contido, a professora estagiária ia intermediando com perguntas sobre o que acreditavam conter nas obras e quais cores estavam observando, se haviam somente em um ou nos dois que estavam sendo vistos, assim finalizando as seis duplas, sendo as cores naquele momento muito importantes, pois um pedaço do desenho contendo uma cor terminava em outro e que deveriam procurar as cores para encaixe. Também sendo citado inclusive que as linhas poderiam estarem deitadas (horizontal) ou em pé (vertical) e conforme fossem encaixando as peças deveriam observar se haviam desenhos contidos ou não.      
Também foi explicado que a história do desenho e da pintura vem de muito tempo e acontece com todos nós de forma natural que começamos desenhando bolinhas e depois de algum tempo já conseguimos realizar desenhos com significados que pintamos primeiramente fora de um espaço e aos poucos delimitamos.
Mostrei a eles os pacotes que continham as obras do artista que seria estudado e os desafiei a montarem o quebra cabeça e observarem o que havia nele dizendo: “Quem vai conseguir montar sozinho e me chamar para contar o que viu no desenho primeiro?”, as mãos dos alunos após minha pergunta ficaram todas para cima saltitantes, e alguns responderam: “Vai ser eu, já “tô” vendo que cor tem aqui”. Considera-se:

Diante disso, cabe ao professor ser compreensivo e afetuoso, encorajando sempre as crianças a expressarem suas ideias, encorajando a individualidade e a originalidade. Deixe a criança experimentar e cometer erros procure manter uma convivência afetiva com ela, mantendo um ambiente informal e agradável durante as atividades artísticas. Essas atividades deverão sempre ser recreativas e prazerosas para a criança. Procure olhar sempre para o simbolismo mental e emocional da expressão plástica, elogiando sempre o esforço da criança no desenvolvimento da atividade”. (FERREIRA, 2007, p.37)

O quebra cabeça sendo um jogo que envolve leitura e imagem, vinculado à imaginação, ao símbolo e ao pensamento, constituem paralelamente recreação e educação sob o olhar e sendo a ludicidade uma necessidade do ser humano facilitou assim a expressão e a construção de conceitos baseados nessa abordagem serviu de intermediário sobre o conteúdo visando o autoconceito visual dos envolvidos.
Todos receberam uma obra e iam pouco a pouco encaixando as peças. Ao finalizarem a montagem, automaticamente conversavam com o colega ao lado e de maneira informal faziam a leitura de imagem: “Olha, o meu tem um vaso vermelho”, outro dizia: “o meu só tem risco”, olhavam mais um pouco e falavam alto: “profe tem um coraçãozinho aqui no meio do homem”, “tem palavra”, “tem um barco aqui”... Demonstraram naquele momento informal que estava sendo compreendido e que estavam agregando fala/leitura visual.
 Conforme iriam montando já realizavam mesmo sem saber a leitura da imagem, ou seja, a leitura visual. Observavam desde o desenho da obra quanto às cores que possuía inclusive as linhas que foram utilizadas para recorte da folha do jogo. Quando terminavam por completo, automaticamente contavam com entusiasmo para o colega “olha, o meu só tem uma cor”, um dizia, “o meu tem um vermelhão bem forte” outro falava e em seguida faziam a troca entre eles das obras. Para isso:

“Ora, uma imagem, como representação, procede de alguém e se dirige para alguém, apresenta ou representa visões da realidade, sempre em consonância com uma intenção e sua compreensão implica num diálogo, mediado pela obra, entre o autor e o apreciador. Nessa perspectiva, ela é carregada de conteúdos e interesses, explicita verdades ou mentiras, mostra coisas bonitas, feias, significativas ou triviais. E, assim como a visão, não surgiu do nada, é produzida num contexto de relação entre quem a produz, sua finalidade humano-social e para quem se destina. Seus sentidos pressupõem a interação entre os homens, nascem da práxis e, como montagens, esses objetos podem ser interpretados”. (SCHLICHTA, 2009, p. 14)

Quando retornaram do café, foram convidados a pegarem suas cadeiras e sentarem em meio círculo, pois eu iria os apresentar a alguém. Num primeiro momento as crianças perguntaram se era visita, então respondi que era somente em foto e abri então o cartaz feito com folhas sulfite onde tinha a imagem em foto do artista Henri Matisse. As crianças olharam e disseram: “ele tem barba branca”, “usa óculos”, “é careca pra cima”.
Falei um pouco sobre a vida dele e que ele gostava muito da arte por isso iríamos estuda-lo.
Fui mostrando círculos contendo as cores primárias para que reconhecessem visualmente e em seguida solicitei que no coletivo ditassem-me as letras para formar o nome do artista como forma de fixação. Quanto a isso, Ferraz e Fusari (1999, p.62) completam:

“... lembramos que todo trabalho com o desenvolvimento da observação, percepção e imaginação infantil não pode ser desvinculado de atividades com caráter lúdico, de jogos, por serem fundamentais no seu processo de amadurecimento.”

Os alunos iam respondendo conforme o que era solicitado, letras individuais do nome do artista, pois já as conheciam devido ao trabalho realizado diariamente em sala, ditavam cores que estavam nos círculos e o nome da forma geométrica que estavam visualizando.

“Os desenhos, as pinturas e as realizações expressivas das crianças não apenas representam seus conceitos, percepções e sentimentos em relação ao meio, como também possibilitam ao adulto sensível e consciente uma melhor compreensão da criança.” Nicolau (1995, p.14)

Depois disso os encaminhei novamente as suas mesas e pedi que observassem agora todos os quebra cabeças montados no momento anterior, perguntei se conseguiam observar o que tinha em cada uma e se já tinham visto em algum lugar com aquelas cores. Interagiram assim sobre as obras e os questionamentos respondendo o que acreditavam estar vendo: “ um “homem”, “luzinhas”, “um vaso”, “uma perna”, “um risco’, “uma floresta”, “uma flor”, “um monte de colorido”, “uma nuvem”.
Seguido dessa experiência, pedi que escolhessem ficar em grupo de quatro componentes, entreguei papel kraft, uma bandeja contendo uma cor primária e um rolinho de espuma para cada criança, para que como Matisse, cada um pudesse usar a cor para que livremente realizassem sua obra expressando algum tipo de sentimento através dela. Então expliquei que as cores primárias são as cores puras e que por mais que misturassem as cores não conseguiriam fazer as que estavam nas bandejas, porém se as misturassem entre si, conseguiriam uma nova cor já conhecida. Através da revista Nova Cultural, podemos afirmar:

“Na pintura, os objetivos de Matisse foram atingidos quase integralmente por meio do uso da cor. Ainda no inicio da carreira, descobrir que a cor não necessitava ser apenas descritiva, mas tem um valor expressivo em si, podendo evocar sentimentos ou estados da alma especiais”. (1986, p. 57)

 Relembramos oralmente as cores primárias visualizadas nos círculos destacando que as cores não poderiam ser misturadas durante a atividade, que deveriam utilizar o rolinho para pintar utilizando-se de formas e que para utilizarem outras cores o fariam em forma de rodízio. “Para além das áreas de cores contrastantes, Matisse recorria constantemente a dois elementos: as linhas rítmicas e o ornamento”. (Esers, p.14)
 É importante incutir a arte sendo utilizada como elemento visual fundamental pra uma produção artística, pois provoca ideias e sensações, transmite ações, peso, movimento, mensagens e harmonia. Algo fundamental desde que nascemos, pois temos o dom de reconhecer cores e a arte tem dom de desenvolver essa percepção.
            A integração do momento da atividade, a troca de saberes e a participação dos alunos fazem-nos perceber que desde criança já vivenciamos a arte sem mesmo compreende-la teoricamente. A respeito disso, SANS (1995 p.48) enfatiza: “A criança que está fantasiando em suas estórias, brincadeiras, desenhos e, de modo geral, misturando sonho e realidade, está fazendo uso mais intenso da inteligência e está se aproximando cada vez mais de conquistar uma visão de mundo”.
Foi prazeroso observar a atividade acontecer e diante dela perceber como limitamos a capacidade do ser humano. Ao entregar o material que não é utilizado com frequência por eles e até mesmo os rolinhos de espuma, percebi quão grande foi o cuidado e satisfação das crianças ao serem direcionados naquele momento.
Nesta fase o desenho evolui, possui a riqueza dos detalhes e emprega as cores puramente emocionais, o faz sem saber, sem relacionar sua produção com a realidade. (FERREIRA, 2007, p. 36)
Como atividade extra, realizamos mais uma atividade, onde relembramos novamente a vida do artista agora na segunda fase da sua vida, a de recorte e colagem. Foi distribuído os materiais necessários como papéis nas cores primárias, cola, tesoura e folha sulfite e solicitado que fizessem como o artista fazia, trabalhando com a tesoura. Ao final dos trabalhos realizados o observamos no coletivo e fizemos algumas considerações oralmente.
Onde foram questionados sobre as escolha e as formas que utilizaram, os mesmos responderam que eram as formas que a professora regente tinha ensinado. Concluiu-se assim que os alunos agregaram seus conhecimentos sobre a obra realizada.
A atividade não consta no plano de ensino devido à flexibilidade do mesmo, a atividade do papel cartão com as cores primárias foi aplicada devido à sobra de tempo entre uma atividade e outra. A proposta foi a de que os alunos ao observarem os quebram cabeças escolhessem o que mais se identificassem ou gostassem e produzissem imitando a técnica do guache recortado do artista Henri Matisse, sua própria obra. Porém, foi observado que os alunos compreenderam a proposta, mas utilizaram-se de figuras geométricas e quando questionados responderam que a “profe” tinha ensinado eles as formas. Pudemos perceber assim que o conhecimento adquirido nas aulas diárias foram utilizados nesse momento.
Com essa experiência desafiadora dessa nova proposta de trabalhar arte, pude perceber que planejamentos bem elaborados e com objetivos claros e direcionados levam – nos ao sucesso, pois os alunos compreendem a proposta, interagem sobre o assunto e se apropriam do que lhes foi apresentado. Nicolau (1995, p.14) afirma:

“Os desenhos, as pinturas e as realizações expressivas das crianças não apenas representam seus conceitos, percepções e sentimentos em relação ao meio, como também possibilitam ao adulto sensível e consciente uma melhor compreensão da criança”.


Ao término da atividade foram colocados no corredor do CMEI e realizado uma conversa com os alunos sobre a sua obra e a relação com os trabalhos do artista. Cada criança explicou o que desenhou e respondeu quando instigado sobre o que havia sido feito.
Os alunos ficaram felizes ao ver seus trabalhos expostos nos corredores do CMEI onde funcionários e colegas de outras salas passavam e observavam, pois tiveram a oportunidade de além de mostrar aos colegas do que são capazes, conseguiram fazer interferências ao relatar como e porque haviam feito aquele trabalho.
 Vygotsky considera, diante disso, que “O processo de formação de pensamento é despertado e acentuado pela vida social e pela constante comunicação que se estabelece entre as crianças e adultos, a qual permite a assimilação da experiência de muitas gerações”. (Apud DAVIS; OLIVEIRA, 1990).
Essa experiência foi certamente desafiadora, pois apresentar uma nova proposta de arte não é tarefa fácil. Mas sem dúvida foi diferente, inovadora e gratificante.

Um comentário:

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